sexta-feira, 24 de março de 2017

Seu Machado

  Vou contar para vocês a história de Seu Machado. Um senhor de idade avançada, oriundo da roça, que passou os últimos dias de vida com sua fiel e inseparável companheira. A solidão.

  Todos conheciam Seu Machado pelas piores características possíveis. O velho era ignorante. Tratava as pessoas ao seu redor com rispidez. Sempre usava de tom desrespeitoso e agressivo com todos aqueles que o cercavam.

  Era casado com Dona Severina. Tinha dois filhos, Chiquinho e Nina. Seu Xodó era Chiquinho, o filho mais velho. Todos os dias ao amanhecer, Seu Machado levava o menino para pescar e, entre um peixe e outro, uma conversa e outra, disparava críticas e ofensas contra sua esposa e sua filha. Era uma reclamação atrás da outra.

- Sua mãe não lava bem a roupa!
- Sua mãe não cozinha bem!
- Sua irmã não ajuda em nada!
- Quanto mais reclamo, mais elas pioram!

  Chiquinho ouvia tudo calado e, ao voltar da pescaria, incrédulo e com os olhos cheios de lágrimas, contava para sua mãe as barbaridades que o pai dizia. Dona Severina, que já não aguentava mais passar por tanto constrangimento, desabafou e decidiu sair de casa levando seus filhos.

  Seu Machado, que nem fez questão de tentar se reconciliar com a família, passou a viver sozinho. Viu da janela do quarto o sol nascer e se pôr por vários dias, meses, anos, no vai e vem de uma cadeira de balanço, acompanhado do seu rádio e garrafas de cachaça.

  Até que um dia ele se foi.

  A cidade parou para se despedir do velho ranzinza, ignorante, que abriu mão da família e de amigos por puro egoísmo e preconceito. No velório de Seu Machado estavam presentes vários curiosos, inclusive Dona Severina e os filhos Nina e Chiquinho.

  

  Essa é uma história com personagens fictícios baseada em fatos reais.

 Vários homens iguais a Seu Machado são vistos por aí.
  
  Mulheres, sejam esposas, mães, avós, filhas, irmãs ou desconhecidas, merecem amor, atenção e respeito.
  
  De nada adianta ter posses e não possuir o amor e o respeito pela família.
  
  A solidão é a pior das companhias.

  E querem saber o motivo que levou Dona Severina e seus filhos a irem ao velório de Seu Machado, mesmo depois de tudo que passaram?

Deixo com vocês a resposta.





    

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O desabafo indignado de um brasileiro

Sou de Campina Grande, Paraíba. Moro em João Pessoa desde 2003 e fui eleitor do senhor Cássio Cunha Lima. Na época, empolgado e impulsionado pelo povo de Campina que apoiava e idolatrava o, até então, "menino".
Pois bem. Assim como os políticos mudam de aliados e adversários a cada campanha eleitoral, eu também mudei meu pensamento em relação ao ilustre citado acima.

Hoje o senhor senador, que foi recentemente vaiado e chamado de Golpista por um Parque do Povo lotado numa abertura de São João em pleno "curral eleitoral" dele, com a maior cara de pau do mundo e com a ficha mais suja que o seu rabo, surge no picadeiro que se tornou o Congresso Nacional, se fazendo de vítima, para sacramentar o maior golpe político da história deste país enquanto democracia.
Na política do poder a qualquer custo, quem paga é o povo brasileiro. E quando digo POVO BRASILEIRO não é apenas o povo mais afortunado, que tem casa própria e apartamento de luxo a beira mar. Não é apenas o povo rico que estuda em escola privada e faz faculdade particular.

Não é apenas o rico que mata o pobre e não vai preso porque tem influência e dinheiro para pagar a fiança. Não é apenas o filhinho de papai que esbanja ostentação desfilando sua soberba, acelerando e dando cavalo de pau em carros do ano, importados, conversíveis.
Não. É também o povo sofrido das periferias. O povo que trabalha dobrado para ganhar um salário irrisório e incompatível com o seu esforço diário. O povo que não tem emprego e sai pelas ruas a procura de um lugar ao sol. Povo que não tem de que se sustentar e assiste, com perplexidade, aos seus direitos serem ceifados a cada instante pelos senhores engravatados que ali estão e que só lembram de nós para pedir voto.
São 54.501.118 de brasileiros, sem contar com os arrependidos, apunhalados pelas costas pelos maus perdedores. Esse é o Brasil que vai pra frente?

Vídeo: Youtube

segunda-feira, 7 de março de 2016

Obrigado, mulher!

  Senhoras e senhores. Aproveito este espaço para fazer um agradecimento público.

  Obrigado, mulher! Obrigado por ser quem você é. Guerreira, determinada, sonhadora. Mulher de fibra e coragem, que luta para buscar seu espaço até conquistar seu objetivo.

  Obrigado, criança que brinca com sua boneca sem se importar que futuramente a vida não terá espaço para brincadeira. Menina que se dedica aos estudos na esperança de passar de ano, de se formar na faculdade e realizar o sonho de ser a profissional que almeja. 

  Moça que não sai da frente do espelho ao observar atentamente as mudanças no seu corpo e ao se produzir para curtir uma festa com amigos ou com o namorado.

  Obrigado, mãe que ama incondicionalmente seus filhos. Que cuida, protege, educa, aconselha, orienta e faz de tudo para vê-los felizes. Professora que prepara suas aulas com dedicação e entusiasmo, apresentando aos seus alunos a arte de ensinar e de aprender. Médica que atende um combalido, que opera um paciente em risco, que salva uma vida.

  Mulher que nunca sai de moda. Cresce, amadurece, envelhece, se renova.

  Muitas vezes incompreendida, injustiçada, agredida, humilhada, mas que não se deixa sucumbir diante da truculência e covardia masculina. Pelo contrário. Se fortalece e mostra seu valor. 

  Mulher que ontem era submissa, subalterna, cumpria a qualquer custo as ordens que recebia dos homens. Hoje é independente, dona do próprio nariz e exerce um poder de liderança perante a família e a sociedade. Se antes era tida como empregada, agora ela é chefe. Chefe de casa, chefe da família, chefe de Estado.

  Mulher linda! Por dentro e por fora. Mulher que, como um perfume, cuida muito da sua embalagem, mas é valorizada pela essência. Até os seus defeitos são tão perfeitos que se tornam virtudes.

  E pensar que um dia cantaram que mulher é o "sexo frágil". Frágeis somos nós, homens, que não sabemos viver sem ela.

  Que felizes sejam, não apenas o 8 de Março, mas todos os dias de todos os meses de todos os anos.  



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Todo carnaval tem seu fim.

  
  Chegou a quarta feira de cinzas!

  Momento de tristeza para aqueles que gostam de folia, de cantar e dançar atrás do trio elétrico, das orquestras de frevo ou das escolas de samba. Momento de alegria para outros, mais reservados, que preferem sossego e tranquilidade.

  A partir dessa data, a farra dos últimos quatro dias dá lugar a ressaca. Ressaca física, pelo cansaço em consequência do esforço provocado nos dias de festa. Ressaca moral, pelas bebedeiras, confusões, traições, pelo sentimento de culpa e consciência pesada.

  Chega de "alalaôs", "ziriguiduns" e "tra tra tras". Vamos todos colocar nossos ouvidos no lugar e esquecer essas melodias nada melodiosas com frases monossilábicas repetitivas, e letras vulgares e sem nexo. É isso que chamam de música?

  É hora de botar a casa em ordem. Tirar os colchões e travesseiros da sala, colocar os móveis no lugar, se despedir daquele parente "mala" que invade sua casa com um incontável número de pessoas tirando por completo a  privacidade alheia.
  
  Pois bem, senhoras e senhores. O ano começa pra valer agora. Vamos esquecer o confete, a serpentina, tirar a fantasia e encarar a realidade, pois esta vem sem máscara para facilitar, em ampla visão, os desafios e responsabilidades que teremos pela frente. 

  Brincamos, pulamos e dançamos. Agora é hora de botar a mão na massa, seja estudando, seja trabalhando, mas produzindo.
 

Feliz ano novo!



sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Escola da vida


  Outro dia, ouvindo uma canção antiga do Roberto Carlos, foquei no refrão: "É preciso saber viver". Até hoje me pergunto. Será que sabemos?

  Para a reflexão dos amigos leitores, serão citados alguns fatos do nosso dia-a-dia que o ajudarão a responder essa questão.

  Reclamamos de tudo, de todos e até de nós mesmos.        

 Discutimos por motivos banais. Brigamos com pessoas que nunca vimos na vida e com quem vamos ver pela vida inteira, pelas circunstâncias mais fúteis e até mesmo sem nenhuma razão. Choramos, xingamos, desfilamos nosso ódio e preconceito em casa, na rua, nas redes sociais. 
  
 Ficamos parados, estáticos, estagnados. Emparelhamos o sedentarismo físico com a inércia mental. Não exercitamos nosso corpo, muito menos nosso cérebro. Preferimos o comodismo da indiferença a coragem de uma atitude tomada.
  Somos mudos, incapazes de proferir palavras doces e respeitosas, mas ao mesmo tempo somos tagarelas linguarudos a ponto de insultar e ofender o próximo pelo simples fato da discordância de opiniões.

  Respeito, educação e gentileza são itens cada vez mais raros na nossa sociedade. A constatação é triste, mas é a pura realidade.
  
  Mas nem tudo está perdido.

  A vida é uma escola. Ela nos ensina, não de imediato, mas com o tempo, que as escolhas que fazemos e a atitude que tomamos pode ter consequências, sejam boas ou más, felizes ou trágicas. Em algumas vezes temos chance de nos redimir e recomeçar. Em outras vezes é tarde demais.
  Talvez vivêssemos mais e melhor em harmonia, unidos, sem atritos, conflitos, guerras, divisões. Observando, ouvindo, apoiando, orientando, incentivando e colaborando sem esperar, nem cobrar por nada em troca. Agir de tal maneira que não pareça oportunista e sim humanizada. 

  Fazer a diferença com pequenos gestos que resultam em grandiosas transformações no nosso cotidiano e no das pessoas ao nosso redor. Comece por você mesmo e verá o quanto isso será valioso para a sua vida.

   Em provérbios 3:27 está escrito: "Não deixes de fazer bem a quem o merece, estando em tuas mãos a capacidade de fazê-lo."


PS. O signatário deste blog não costuma citar trechos da Bíblia para evitar divergências entre pessoas de diferentes religiões. Essa foi uma exceção.


Roberto Carlos - É preciso saber viver - vídeo YouTube






domingo, 13 de setembro de 2015

Arco-íris

  Isso não é uma aula de pintura ou de moda, mas vamos falar de cores, estilos. Vamos falar de gente!

  Vestimos, usamos, pintamos tantas cores e mal sabemos o significado delas. Admiramos o Arco-íris sem saber ao certo quantas e quais cores o formam. Olhamos nos olhos de alguém nos perguntando se são verdes, castanhos ou azuis

  Nossa vida é uma grande aquarela. Vivemos numa diversidade de cores, crenças, estilos. Somos todos homens, mulheres, negros, brancos, pardos, héteros, homos... Somos todos seres humanos!
  
  O problema é que, na maioria das vezes, só conseguimos enxergar o preto. O preto do luto, o preto da cegueira, o preto do preconceito.
  
  Ficamos estarrecidos ao presenciar nossos próprios atos preconceituosos, racistas, homofóbicos. Gestos baixos e covardes cometidos por egoístas, sem escrúpulos, sem educação e sem cérebro, que se alastram aos montes como uma doença grave, contagiosa e incurável, visto que a impunidade serve como trampolim para que isso se repita.
  
  Nossa indignação só não é maior porque não somos maioria. Somos injustiçados por esses abusos? Sim. Mas sentimos orgulho de ser quem somos, o que somos e como somos. A tristeza e a revolta pela forma mesquinha e cruel como somos tratados existe, mas não é maior que o nosso amor próprio. 

  Mesmo que nos falte a visão, a audição, o braço, a perna. Mesmo que sejamos obesos ou desnutridos, loiros, naturais ou artificiais, com sorriso cheio de dentes ou negros banguelas. Mesmo que nos relacionemos com meninos ou meninas, que sejamos católicos, evangélicos ou de outras religiões, temos algo em comum. 

  Temos sangue correndo nas veias, um coração batendo dentro do peito e Fé em Deus, Jah ou Ala. Acreditamos que, mais cedo ou mais tarde, possamos nos confraternizar e nos reconhecer como amigos, irmãos, defensores incansáveis da bandeira da nossa liberdade e da nossa união
  
  Nossa única deficiência é não aceitar, nem respeitar isso.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Protesto!

  Vai protestar?

  Proteste contra seu comportamento.

  Proteste contra a maneira grosseira e desagradável como você maltrata seus pais.
  
  Proteste contra o saco de pipoca e as embalagens de bombom e chocolate que você joga na rua.
  
  Proteste contra sua imprudência no trânsito. Desrespeitando faixas de pedestres e ultrapassando sinais vermelhos.
  
  Proteste contra pessoas que, assim como você, entram no ônibus e pulam a roleta sem pagar a passagem.
  
  Proteste contra os muros que você picha, as portas que você arromba e os monumentos que você depreda.

  Proteste contra a poluição, contra o desmatamento e os demais malefícios que você faz ao ar que respira.
  
  Proteste contra as mulheres, crianças e idosos que você agride sem piedade todos os dias.
  
  Se vai protestar contra os desmandos e escândalos dos políticos que governam este país, comece a fazer o mesmo pelos seus atos. Do contrário, quem protesta sou eu.